quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Nova Lei das Finanças Locais: o espartilho da Autonomia Local vai ser servido aos bocados


A nova Lei das Finanças Locais, publicada Terça-Feira dia 3 de Setembro no Diário da República, é a última peça legislativa da reforma autárquica encetada por este Governo. Depois de discutidas extinções de freguesias e competências municipais e depois de uma reforma eleitoral autárquica que ficou pelo caminho, eis que surge aquela que deveria ter sido discutida em primeiro lugar nesta reforma: a Lei das Finanças Locais. É nas finanças locais que assenta a Autonomia Local consagrada na Constituição, porque só com meios se conseguem desenvolver competências!

Esta Lei vai criar um espartilho tão apertado nas Autarquias que as consequências serão imprevisíveis. A diminuição de receitas autárquicas, em que se destaca o fim do IMT a partir de 2018, a passagem do IMI rústico para as freguesias, a passagem de 1% do IMI urbano para as Freguesias, a diminuição de 5,8% no cálculo do FEF, a obrigatoriedade de financiamento do Fundo de Apoio Municipal por todos os Municípios e o financiamento das Entidades Intermunicipais com receitas até agora municipais podem revelar-se um desastre para muitos dos Municípios portugueses.

Os Municípios ficaram entalados entre as novas Freguesias e as novas Comunidades Intermunicipais, o financiamento das novas competências da freguesias e das comunidades intermunicipais é feito à custa das receitas dos Municípios, a criação do Fundo de Apoio Municipal é feito também à custa de receitas municipais, quando uma discussão séria deveria permitir que fossem os Municípios e os seus órgãos a decidir se queriam e como queriam transferir, participar ou financiar outras entidades e não, como está na Lei, obrigados a fazê-lo independentemente da realidade de cada um dos 308 Municípios portugueses.

O Governo altera pouca coisa em relação à proposta inicial, o fim do gestor nomeado pelo estado para acompanhar a gestão dos Municípios em dificuldade, o adiamento da regulamentação sobre o financiamento do Fundo de Apoio Municipal ou o adiamento para 2016,2017 e 2018 de algumas das medidas com impacto negativo nos Municípios, não é suficiente para mudar o cariz centralista e desconfiado de governação deste Governo PSD/CDS em relação ao Poder local democrático.