terça-feira, 28 de agosto de 2012

Pensamento do dia...muita "tagarelice" e pouca politica...

Já há algum tempo que me apetece sistematizar numa pequena crónica o que penso sobre o contexto atual de crise vivido em Portugal ,na Europa e em alguns outros países do Mundo e relacionar a minha visão com os comentários que permanentemente vamos ouvindo nos diversos meios que fazem ou tentam fazer opinião.Não é nada fácil sistematizar em tão pouco espaço e ter alguma coerência de raciocinio, mas vou tentar: A crise que atualmente se vive em Portugal deriva essencialmente do modelo económico escolhido pela Europa para o nosso desenvolvimento, enquanto país periférico numa União Europeia a várias velocidades e com muitas especializações nos diversos setores produtivos quando nos referimos individualmente a cada um dos países. Desde sempre, e para isso basta consultar os relatórios dos orçamentos de estado pelo menos desde o inicio do século XIX, que vivemos enquanto país suportados em empréstimos do exterior, nomeadamente da City de Londres, por isso a situação atual de grande dependência financeira do exterior nada tem de nova, foi assim que fomos andando enquanto país...que não podemos gastar mais do que temos é uma verdade indiscutível, mas as soluções para o desenvolvimento do país não são verdades absolutas, têm que ser projetos politicos sufragados pelo povo, quer gostemos desses projetos ou não. O "mainstream" dos comentaristas, nomeadamente da área financeira, defende que sem consolidação orçamental não há crescimento e que a consolidação orçamental é prioritária e que o estado tem um peso muito grande na economia...de acordo! a consolidação orçamental é essencial pelo princípio já invocado anteriormente, mas o estimulo ao crescimento em simultâneo é essencial a essa consolidação ou não sabemos todos que do crescimento resulta maior arrecadação de receitas e melhoramento claro e automático da relação Défice/PIB!, e o estado tem muito peso na economia? Efetivamente tem, mas não podia ser de outra forma, é o nosso modelo constitucional que assim o obriga, quem não gosta tem que apresentar as suas opções a sufrágio e depois alterar o modelo, até agora este é o modelo escolhido pela nossa democracia representativa e por isso o governo não deve e não pode usar "artimanhas" para ir desmontando o estado porque não tem mandato para isso. Eu defendo um modelo em que o estado tem uma presença reguladora forte e em setores estratégicos é "player" do setor, cada um pode defender o que quiser, mas é através da politica que as opções devem ser definidas e defendidas e com o voto do povo e não como está a acontecer em Portugal através do "comentarismo" politico e dos gabinetes onde os interesses se movem.Ou somos um estado de direito e aceitamos as regras do jogo ou somos uns "tagarelas" que passamos a vida a reproduzir as verdades indiscutiveis...tentei mas não sei se consegui...